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A produção e recepção literária

4 Set

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A literatura e a sociedade estão conectadas, não podendo haver sociedade sem literatura e literatura sem sociedade. Uma obra literária escrita por uma pessoa que existe e, consequentemente vive em sociedade, também contém marcas dessa sociedade, por mais que uma obra seja fictícia, construída do imaginário do autor.

A Teoria Literária como nós conhecemos hoje em dia, nasce no século XX, com a Neo Crítica Americana e o Formalismo Russo.

A Neo Crítica dos Estados Unidos, surgiu nas décadas de 20 e 30, tendo o seu auge nas décadas de 40 e 50. Na Neo Crítica, rompe-se o costume que predominava até então, de se estudar uma obra literária levando em consideração a vida do autor, concentrando-se nos estudos das técnicas empregadas na obra.

Um pouco antes do surgimento da neo crítica dos EUA, nascia o Formalismo Russo. Essa corrente literária estabelece que a poética e a literatura tem seus próprios métodos de estudo, negando abordagens que levem em conta fatores extraliterários.  Sendo assim, aspectos sociológicos, históricos e biográficos passam a ser ignorados no estudo de uma obra.

Considerado como o pontapé inicial para os estudos modernos no campo da literatura, os principais representantes do Formalismo Russo foram Boris Eichenbaum, Roman Jakobson, Viktor Chklovsky, Yury Tynyanov, e Grigory Vinokur.

Ambas correntes literárias pregavam que o texto literário é o único fator importante, devendo ser estudada por si só.

Já os estudos sobre a recepção das obras literárias passam a tomar forma mais tarde, em estudos contemporâneos como a Estética da Recepção, que dá ao receptor um papel, deixando ele de ser apenas um agente passivo, passando a atuar como um agente ativo, que participa na elaboração do sentido, na construção final da obra literária.

Sem leitores não existe obra literária, já que um processo de comunicação ocorre apenas quando o receptor entende a mensagem enviada pelo emissor. Ler não é simplesmente decifrar as palavras escritas, é necessário que haja a compreensão por parte do leitor.

Hans Robert Jauss, um dos defensores da Estética da Recepção, afirmava que  é impossível analisar uma obra separada da maneira como é lida e recebida pelo público leitor; sem leitores, obras não são completas.

Ele prega que a recepção da obra configura-se como um fato social, já que os conhecimentos prévios adquiridos pelo leitor determina a recepção da obra.  “A História literária só cumprirá a sua tarefa quando a produção literária for representada, não apenas na sincronia e diacronia da sucessão dos sistemas que a constituem mas também compreendida, enquanto história particular, na sua relação específica à história geral. Esta relação não se reduz ao facto de se poder descobrir na literatura de todos os tempos uma imagem tipificada, idealizada, satírica ou utópica da existência social. A função social da literatura só manifesta genuinamente as suas possibilidades quando a experiência literária do leitor intervém no horizonte de expectativa da sua vida quotidiana, orienta ou modifica a sua visão do mundo e age consequentemente sobre o seu comportamento social.” (JAUSS, 1993, p. 105)

Por Liliane Fuzikava